TEMPO DE AMADURECER

Leandro Dorneles


No final do capítulo 5 de Hebreus e início do capítulo 6 o pregador (possivelmente Paulo) exorta a Igreja ao amadurecimento da vida cristã e ao aprofundamento das coisas espirituais, uma vez consolidadas no entendimento aquelas básicas sobre fé, batismo e arrependimento dos pecados. Na primeira carta aos Coríntios, Paulo exorta uma Igreja rica em dons espirituais e parar de agir como meninos. À Igreja de Filipos, Paulo pacientemente ensina aos irmãos a se alegrarem “em Deus”, a terem a vida de Cristo como estímulo de fé e às suas promessas como o sentido da vida.

Todavia, passados muitos séculos encontramos uma Igreja ainda infantil, carnal, neófita, sem experiência e sem profundidade. Na verdade, a história nos revela que o amadurecimento da Igreja estava intrinsecamente ligado à perseguição que a mesma sofria (e silenciosamente ainda sofre). Quanto maior fosse a perseguição, mais a Igreja se expandia e crescia na Graça e no Conhecimento de Cristo. Cristãos que não sofrem perseguições tendem a continuar agindo como meninos. O desconforto nos tira da estagnação e o conhecimento só se adquire quando nos tornamos inconformados.

Certamente o advento das redes sociais, desde as salas virtuais de bate papo, acentuou e denunciou um comportamento no mínimo infantil de boa parcela dos cristãos.

Irmãos atacando outros irmãos por causa de placas denominacionais, uma geração que amaldiçoa, pragueja, que usa palavras torpes e isso para falar de outros irmãos. Uma geração que leva seu irmão a juízo perante descrentes, que expõe a Igreja de Cristo à vergonha ao invés de sofrer o dano sozinho. Uma Igreja que não se sente família, não há unidade ou sentimento de pertencimento a um mesmo e um só Corpo do qual Cristo é a cabeça. Uma Igreja que não ama e não se compadece; rápida para julgar, para condenar e para maldizer, que ao invés de atrair os pecadores se faz seu pior exemplo e seu discurso religioso é rapidamente convertido em hipocrisia e farisaísmo.

Por isso os milagres se tornam cada vez mais raros, pois até disso se quer tirar um “selfie” e postar nas redes sociais. Deveríamos ter vergonha de nos expor tanto nas redes sociais e passar mais tempo confessando-nos a Deus.

É hora de a Igreja rasgar novamente suas vestes e se cobrir de cinzas. De jejuar, de se humilhar, de voltar ao recôndito do seu quarto para orar, em lugar da internet; de tornar a ter intimidade com Deus, sem fotos, sem vídeos, sem selfies; é hora de parar de publicar orações e correntes nas redes sociais e passar a orar de verdade, dobrar os joelhos, confessar os pecados e se arrepender dos seus desvios de caráter e personalidade ao invés de se orgulhar deles. 

É hora de ler menos histórias bonitas e livros de autoajuda e meditar mais nas Escrituras Sagradas, pois elas são vida para quem nelas medita. De compartilhar menos posts com frases de amor à família e passar a se dedicar verdadeiramente a elas, passar mais tempo com os filhos e netos, com a esposa, o esposo, com seus pais e avós, com seus irmãos e amigos.

É fácil? Não. Também não é fácil pra mim.

A única coisa verdadeiramente fácil neste mundo é o caminho que conduz a perdição e são muitos os que andam por ele. Todo o resto é deveras difícil... mas não impossível.

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