PESCADORES DE ALMAS

por Pastora Fátima Dorneles

“E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4:19).

Analisando a vida dos discípulos de Jesus, mais tarde escolhidos e nomeados pelo próprio Mestre como Apóstolos, observamos quão simples eram esses homens, e quão modesta a profissão que exerciam. Além de pescadores, haviam cobradores de impostos, como Levi, por exemplo. Daí concluirmos que os grandes homens escolhidos por Deus para andarem lado a lado com Ele na pessoa do Seu Filho Jesus eram pessoas que em sua comunidade não exerciam nenhuma atividade de destaque ou que lhes trouxesse fama ou honra por parte dos “poderosos” daquela época. Talvez, o texto que mais confirme isso seja:

“Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele”.(1 Coríntios 1:26-29)

Ao contrário do que buscamos em nossos dias (pessoas influentes para nos aproximarmos e por tais contatos nos tornarmos conhecidos e “famosos”), Deus, em sua sabedoria, escolheu para si e confiou a obra de evangelização dos povos a homens que o mundo jamais notaria; em sua maioria desprovidos de qualquer conhecimento teológico; homens que conheciam ao Senhor de ouvir falar por meio da tradição de seus antepassados, conhecendo os preceitos básicos da lei judaica, mas que estavam longe de dominá-la, pois eram homens indoutos e iletrados (Atos 4:13), ou seja, não possuíam o domínio das Sagradas Escrituras, nem tampouco detinham a ciência farisaica dos rabinos da época – os chamados “doutores da lei”.

Daí dizer que,

“... Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são;” (I Coríntios 1:28)

Com essa decisão e escolha, Deus mostra ao homem mais uma vez Sua soberania e total poder, assim como um princípio que devemos reter a fio, se não quisermos nos deixar ser confundidos pelo agir onisciente do Todo-Poderoso:

“Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.” (1 Samuel 16:7)

Dentre os escolhidos para “pescadores de homens”, um deles se destaca de forma especial. Seu nome é Simão, também chamado Pedro (ou Cefas). Vemos nesse homem a ousadia de um verdadeiro cristão. Mas vemos também em seus gestos e atitudes, o quanto Pedro inúmeras vezes era precipitado em suas palavras, e, agindo por impulso era envergonhado diante de seus companheiros por seus gestos de astúcia e ousadia, como por exemplo, ao ir ter com Jesus caminhando sobre as águas. No entanto, nem mesmo o seu jeito arrogante e precipitado conseguia detê-lo, pois em seu íntimo ele sabia QUEM o havia chamado e a razão pela qual tinha sido escolhido por Jesus para ser um dos seus seguidores, e muito mais que isso, Pedro seria incumbido, juntamente com os demais discípulos a dar seguimento à obra de evangelização do mundo iniciada por Jesus.

Embora Pedro fosse o mais destemido, ele era também o que mais fraquejava, entretanto, sua amizade com Jesus era algo tão especial, de modo que nos momentos de maiores alegrias do Mestre ele estava presente, como na transfiguração, assim como nos momentos de dor e angústia, como por exemplo, no Getsêmani. Mesmo avisado pelo seu Senhor, ele não imaginava o que o futuro lhe aguardava.

O Pedro que confessou diante dos homens que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus vivo (Mateus 16:16), foi o mesmo que negou ao seu Senhor no momento mais difícil e crucial na vida do Mestre.

Embora Jesus já o tivesse advertido que ele não poderia beber do cálice que Lhe estava reservado, sendo avisado na noite em que Jesus foi preso que O negaria três vezes antes que o galo cantasse, por alguns instantes Pedro se esqueceu dessas palavras a fim de que se cumprisse o que já havia sido predito. Isto mostra-nos mais uma verdade: Jesus estava ensinando aos discípulos que, ao contrário do que muitos cristãos pensam, havia um mundo espiritual que exerce forte influência sobre as coisas que acontecem aqui em nosso mundo material e que nem tudo é influência única da nossa formação psicológica ou caráter:

“Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos. (Lucas 22:31-32)”

Jesus estava ensinando a Pedro aqui duas verdades práticas: primeira, que a força humana de nada adianta numa batalha espiritual, e, segunda, que a prepotência na vida do crente é sinal de que ele ainda não se “converteu” genuinamente e não compreendeu a mensagem do Evangelho.

Porém, após o triste cantar do galo, Pedro com o coração quebrantado, ao lembrar-se das palavras de Jesus, se arrepende de sua atitude covarde, e se dá conta de que ele não era um homem tão ousado e valente, ao contrário, frente a tal postura, ele viu a sua fragilidade e pode perceber que nem mesmo o fato de ter andado lado a lado com Jesus, mesmo tendo uma amizade com seu Mestre, isso não o tornava capaz, ou melhor, que outros, pois faltava-lhe algo, faltava-lhe o poder (dynamus) e o conhecimento da essência de Deus em seu interior, conhecimento esse que só lhe foi revelado após a morte e ressurreição do seu Amigo e Senhor.

Mas afinal, quais as mudanças ocorridas na vida de Pedro após a morte de Jesus?

Primeiro ele regrediu. Embora tivesse andado com o Mestre, conhecesse a responsabilidade do seu chamado no Reino de Deus, ainda ele tendo testemunhado e acompanhado de perto os milagres, maravilhas e prodígios realizados por Jesus, após a morte do Mestre, Pedro retorna a sua vida de antes. Toma suas redes e volta a pescar, e com isso seus amigos o acompanham (João 21:2-3). Até então, aqueles que por Jesus foram escolhidos como “pescadores de homens” não se dão conta da sua missão aqui na Terra, pois tinham em seus corações que após a morte do Cristo, nada mais podiam fazer; haviam perdido sua referência; haviam perdido mais que um Mestre: haviam perdido suas seguranças que antes depositaram nas mãos do seu Senhor agora aparentemente vencido pelos cravos que o prenderam na Cruz.

Com a morte de Jesus, os discípulos ficaram tão desnorteados que nem sequer lembravam das promessas que Ele havia feito, quando em diálogo com eles os confortou dizendo que jamais os deixaria só ou desamparados, pois voltaria para o Pai, mas enviaria o Consolador, o Espírito da Verdade que o mundo não vê nem o conhece, mas que estaria com eles todos os dias, até a consumação dos séculos (João 14:16-17).

Quando Jesus retorna para o Pai a promessa se cumpre e o Espírito Santo é derramado sobre todos aqueles que confessavam a Jesus como o Filho do Deus Altíssimo, mediante uma atitude genuína e prática de arrependimento.

Após o derramar do Espírito Santo, aqueles homens que andaram com Jesus e que Dele ouviu Seus ensinamentos são revestidos de autoridade e poder de modo a confundir os doutores da lei. A célebre pergunta era: Como pode homens indoutos e iletrados, rudes pescadores se tornarem sábios e eloqüentes, de modo que em seus discursos multidões paravam para ouvi-los e de bom grado aceitavam a palavra que lhes era anunciada, de maneira a batizar num só dia quase três mil almas? (Atos 2:41)

O que fez com que homens iletrados como Pedro, escrevessem e falassem de forma tão culta e erudita e, acima de tudo, com muita unção, de modo a convencer com suas palavras homens sábios e entendidos das coisas desse mundo?

Só havia uma resposta: Eles andaram com Jesus.

“Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus”.(Atos 4:13)

Aprenderam com o maior de todos os sábios que já existira em todos os tempos. Beberam do manancial que brotava diretamente do trono de Deus: O Espírito Santo que havia descido sobre eles.

“E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo...” (Atos 2:2-4a).

Eles foram “cheios” do Espírito Santo quando aprenderam a ser “vazios” de si mesmos, de sua prepotência e aparente sabedoria humana, e este é o segredo para ser “cheio”, revestido das armas de Deus: Considerar nossa aparente sabedoria, força e glória como “nada” para receber o Poder do Alto. (Atos 1:8).

“E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo, E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte; Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.” (Filipenses 3:8-11)

Relembrando as Palavras de Jesus em Mateus 16:18,

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

O único ser capaz de mudar o homem é o próprio Deus. Só Ele pode transformar homens rudes, arrogantes e covardes em verdadeiros instrumentos para o louvor, a honra e a glória do Seu Santo Nome. Somente Deus pode transformar “pescadores de peixes” em “pescadores de almas”. E tenha a certeza de que ninguém acredita mais no homem do que Deus acredita. Mas para que Deus opere através de nós é preciso haver uma predisposição por parte daquele que por Deus é chamado.

Notamos que em toda Sua caminhada, Jesus nunca obrigou alguém a segui-lo. Ele simplesmente estendia o convite e advertia dos espinhos que haviam no Caminho estreito e apertado, único capaz de conduzir o homem a Vida Eterna: Morrer com Ele.

“De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida”. (Romanos 6:4)

Aqueles que de bom grado O aceitam, Ele mesmo capacita para cumprir o seu chamado. Aqueles que rejeitam o convite, Ele estende a outro, e assim por diante, até encontrar alguém que compreenda a sua razão de existir e se desprenda dos seus ideais, a fim de viver no centro da vontade de Deus, cumprindo a obra tão desejada pelos anjos e comissionada pelo Senhor Jesus – “Pregar o evangelho, as boas novas de perdão e salvação a toda criatura” (Marcos 16:15).

Um dia eu disse para Deus que meu desejo e projeto de vida era ser professora universitária, pois dessa forma estaria colaborando com a formação e qualificação de centenas de profissionais em nosso país. No entanto, Ele me fez uma proposta muito melhor e irrecusável: cooperar na edificação do Corpo de Cristo (Igreja) e com a salvação de centenas de milhares de pessoas ainda não alcançadas pelo Evangelho. Ele, porém, não me impôs absolutamente nada. Caberia tão somente a mim, aceitar ou rejeitar o Seu convite. Como eu sabia que se o rejeitasse Ele passaria o chamado para outro, escolhi assim como Pedro, Tiago, João e tantos outros, ser “pescadora de almas”, e hoje tenho a plena convicção e certeza de que não há nada que complete mais o ser humano do que descobrir o seu chamado no Corpo de Cristo e saber que está no centro da vontade de Deus, tornando significativa a razão de existir nesse mundo. Poucos foram os que aceitaram viver nesse mundo como peregrinos e forasteiros tendo a certeza de que a nossa pátria não é terrena, mas eterna. O preço é sem dúvida alto, mas, maior foi o preço que Jesus pagou por nós!

Deus tem infinitamente mais do que você imagina pra te oferecer, e o mesmo convite que Ele fez àqueles pescadores à beira da praia, hoje o Senhor estende a você. Você está disposto a cumprir o chamado do Mestre? Tenha em mente que o Deus que chama é o mesmo que capacita. Lembre-se que Ele não chamou os doutores, letrados, ou seja, os “capacitados” da época de Jesus; chamou homens simples e comuns dentre o povo, porém a esses capacitou e os tornou homens que com sabedoria manejavam tão bem a Palavra da Verdade (II Timóteo 2:15), de modo a levar multidões arrependidas de suas iniqüidades e pecados aos pés de Jesus!

Talvez, o que esteja faltando em sua vida, é exatamente fazer como Isaías: reconhecer seu estado pecaminoso e clamar para que Deus lhe toque com a brasa viva do Seu Altar (o próprio Cristo) e de todo o coração declarar:

“Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim!”

Você está disposto a ser também um “pescador de almas” ?

Pense bem, pois o convite hoje lhe é estendido.

Deus te abençoe!

5 comentários:

  1. nossa que legal esse trabalho que vocês estão fazendo!Eu participo de um instituto que se chama I.P.A
    Instituto Pescadores de Almas
    um instituto que trabalha com moradores de ruas e q1ue leva a palavra de Deus na vida dos que precisão!um beijo da sua fiel escritora Greyce de Lima Martins.

    ResponderExcluir
  2. Nossa eu fiquei apaixonada pelo o texto acima..ameiiii d everdade sou recem convertida e estou fazendo um blog tbm....gostaria de saber s eeu posso posta-lo no meu nao vou tirar os creditos..qndo vc tiver um tempo fasz-me uma visita....bjs fica com Deus !

    ResponderExcluir
  3. Linda matéria, mais um show do Tabernáculo do Leão, parabéns!!!!
    abraços pra família e amigos

    ResponderExcluir
  4. Deus Ainda usa pessoas neste mundo.. OBG MEU DEUS POR TD... JESUS FAÇA DE MIM UM PESCADOR APROVADA NA TUA OBRA!!!

    ResponderExcluir