De todos os lados as notícias não são boas. A
violência está aumentando e tentando sufocar nossa capacidade de convívio
social, de tolerância e de longanimidade. Vejo em meus próprios pensamentos as
setas inflamadas que tentam contaminar tudo o que Jesus nos ensina sobre amor e
piedade. Somos constantemente bombardeados por sentimentos de justiça própria,
de ira, de vingança, de crueldade. Sim, os dias são maus.
Outro ponto que me assusta é a tal da ansiedade. A
velocidade como as coisas mudam: tecnologia, moda, valores, conceitos,
opiniões... assombram a nossa paz com um tornado de constantes mutações,
tornando-nos tão ansiosos que já mal sabemos o que queremos, por quanto tempo
queremos, se ainda queremos e, no final, para quê queremos. Sim, os dias são
maus.
O mundo gira bruscamente. A globalização aproxima
todas as coisas, boas e más, misturadas e quase indissociáveis, e nós estamos
cada vez mais perdendo nossa identidade – se é que a tínhamos -, moral,
espiritual, social, política e ideológica. Somos o que o momento e a maioria
dita. Somos a notícia da vez, o que dá ibope, o que dá fama e dinheiro, o que
chama atenção; o que tenta aparecer nas mídias sociais, que aguarda curtidas,
comentários, compartilhamentos e visualizações, talvez, a espera de patrocínio
ou de um convite para participar de uma entrevista ou sair numa revista; somos
tudo aquilo que for chamado politicamente correto mesmo não sendo tão ou nada
correto. Na verdade, nem sabemos mais quem somos. O que somos? Por que somos?
Até quando seremos? O que é ser, num mundo onde tudo se torna relativo? Sim, os
dias são maus.
Perdemos aos poucos e a cada dia mais nossa
capacidade de perceber as coisas, de tão entranhados que estamos nelas. Já não
distinguimos mais o real do virtual, o imaginário do factível, a história da
estória, o que está abaixo do céu do que o que está acima dele. Perdemos-nos em
sonhos e devaneios, entre a loucura e a lucidez, entre o santo e o profano. E o
silêncio agora é oprimido pela ditadura das ideias proclamadas diariamente do
alto dos telhados, em cada esquina e em cada canal de TV. Tornamos-nos seus
escravos. Sim, os dias são maus.
Mas será que tudo isso já não era previsível?
“E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o
filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão” (Mateus 10:21).
“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras;
olhai, não vos assusteis, porque é necessário que isso tudo aconteça, mas ainda
não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e
haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas
são o princípio de dores”. (Mateus 24:6-8)
“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão
tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos,
presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos,
profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes,
cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais
amigos dos deleites do que amigos de Deus [...]” (2 Tim 3:1-4).
Sim, os homens estão cheios de toda a iniquidade,
prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda,
engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus,
injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos
pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural,
irreconciliáveis, sem misericórdia (Rm 1:29-31).
E qual será o resultado de tudo isso?
“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de
muitos esfriará” (Mateus 24:12).
E já não tem acontecido? Não estão se cumprindo
todas estas palavras? Sim, os dias são maus.
Quem poderá nos trazer esperança? Quem conhece o
futuro das coisas para delas nos falar? Quem já foi ao céu e de lá voltou para
dizer? Ou quem de lá veio para anunciar o que está por vir? Quem o conhece?
Quem já ouviu de sua boca?
E na medida em que Dele me aproximo, mais eu vejo,
mais eu percebo, mais eu lamento e mais eu confirmo: sim, os dias são maus.
Que a misericórdia Dele me alcance e tudo o que há
de mal em mim seja sacrificado, e que as minhas trevas sejam dissipadas por Sua
luz que tudo alumia, tudo vê, tudo enxerga, tudo revela, a fim de que os meus
dias nessa terra não sejam maus como aquilo que está por vir sobre toda a
Terra.
Leandro Dorneles
Leandro Dorneles
O senhor descreveu não apenas os nossos dias, mas os nossos sentimentos.Exatamente. No último parágrafo, orei juntamente. Obrigada, irmão. Deus o abençoe.
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